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Analistas preveem nova crise mundial

Problemas causados por dívidas públicas de países da zona do euro começam a gerar temor entre investidores sobre uma nova crise econômica de proporção global. Analistas estão preocupados e o euro tem desvalorização drástica frente ao dólar

Carlos Henrique Coelho - Da Redação O POVO 04/06/2010 01:00

 

A crise econômica que afeta países da Europa ressoa na cotação do euro e já é analisada pelo mercado como faísca para um novo incêndio na economia global. Na última terça-feira, dia 1º de junho, a relação da moeda europeia em comparação ao dólar americano atingiu sua menor cotação em quatro anos, chegando ao patamar de US$ 1,22.

 

Existe forte receio dos investidores de que a onda de inadimplência de países da zona do euro, com problemas de dívida pública, (Itália, Grécia, Islândia, Irlanda, Portugal e Espanha) e as medidas antidéficit econômico, ocorridas por lá, travem a retomada econômica da região e traga de volta o fantasma da crise mundial, que abalou as estruturas financeiras desde o segundo semestre de 2007 e que foi amenizada no fim de 2009.

 

De acordo com fontes ligadas a BMFBovespa, países europeus afogados em dívidas públicas não teriam condições de flexibilizar contas, aumentar impostos e garantir liquidez necessária para capitalizar novamente suas economias. Por isso, o medo.

 

Outro problema é que a zona do euro é interligada e importam e exportam entre si, o que na visão dos analistas vai gerar uma “bola de neve” fiscal. Somente no mês de maio, o euro declinou 7% frente ao dólar, configurando a sexta queda mensal consecutiva, a maior série em 10 anos.

 

Desvalorização
De acordo com o economista Cláudio Ferreira Lima, a desvalorização do euro já era esperada pelo mercado financeiro internacional. “Claro que com a depreciação da economia europeia a procura pelo dólar tinha que ser maior e isso afeta na cotação imediatamente”, disse.

 

O diretor do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), Martônio Freitas, ratifica a situação como o início de uma nova crise internacional. “Já sabíamos que após os Estados Unidos o efeito recairia sobre a Europa, porém lá é bem mais grave. Além da falta de crédito, existe uma dívida pública imensa”, explicou.

 

Uma maneira de mensurar o problema é observar quanto os grandes bancos privados europeus possuem em títulos da dívida da Grécia, primeiro país a sofrer com a crise financeira do continente e que não consegue quitar seus compromissos.

Pesquisas
De acordo com uma pesquisa divulgada em 2009 pelo Banco de Pagamentos Internacionais (BIS), o valor estimado de envolvimento das entidades ficou em 141,8 bilhões de euros, isso representa 80% de quanto todo o sistema bancário mundial possui de papéis do endividamento grego.
Os países com maior número de papéis gregos são França, com 53 bilhões de euros, Alemanha, com 45 bilhões, Grã-Bretanha, com 11,2 bilhões e Holanda 8,95 bilhões. O economista Martônio Freitas lembra que a situação se agrava pelo perfil de consumo europeu. “Os norte-americanos compram e os europeus poupam. Eles são conservadores e isso emperra ainda mais a economia”, afirmou.

 

BOLSAS MOSTRAM RECUPERAÇÃO

> Seguindo os indicadores mais sólidos apresentados pelos Estados Unidos, o FTSEurofirst 300, índice que reúne as principais ações europeias, subiu 1,81% nesta quinta-feira, 3 de junho, e passou a operar a 1.021,79 pontos, no maior nível em duas semanas. As ações de bancos e de empresas de energia lideravam as altas. Por volta das 9h (de Brasília), o índice britânico FTSE 100 tinha valorização de 1.7%, enquanto o alemão DAX subia 1,8% e o francês CAC tinha alta de 2,3%.

> As principais bolsas asiáticas, com exceção de Xangai, também encerraram a sessão em alta nesta quinta-feira. Em Tóquio, o Nikkei teve alta de 3,23% e alcançou 9.914,19 pontos. Já o índice Hang Seng da Bolsa de Hong Kong subiu 314,9 pontos (1,62%), encerrando aos 19.786,71 pontos.

 

O índice Straits Times da Bolsa de Cingapura, por sua vez, subiu 65 pontos (2,42%), encerrando aos 2.793,47 pontos. Já o índice SET da Bolsa de Bangcoc subiu 16,28 pontos (2,17%), encerrando aos 765,96 pontos. No sentido contrário, o índice geral da Bolsa de Xangai caiu 1877 pontos (0,73%), encerrando aos 2.552,66 pontos.

> O sócio-diretor da P&J Investimentos, Luiz de Paula, explica que estes movimentos de alta são comuns em situações de grande volatilidade das bolsas de valores e as oscilações são decorrentes das aplicações de investidores em ações de baixo custo para realização rápida de lucro. “Com a queda de moedas e de preços na Bolsa, investidores mais vorazes correm para adquirir os papéis, recuperar valores e vender logo em seguida. É um jogo do mercado”, explicou. (com agências)

 

NÚMEROS

 

23,3
BILHÕES DE EUROS É O DÉFICIT DA IRLANDA EM SUAS CONTAS PÚBLICAS

117
BILHÕES DE EUROS É O DÉFICIT PÚBLICO DA ESPANHA

15,9
BILHÕES DE EUROS É O TAMANHO DA DÍVIDA DE PORTUGAL

80,8
BILHÕES DE EUROS É O ROMBO NAS CONTAS PÚBLICAS DA ITÁLIA

32,8
BILHÕES DE EUROS É O QUE A GRÉCIA DEVE PARA OS COFRES PÚBLICOS

Fonte: http://opovo.uol.com.br/app/o-povo/economia/2010/06/04/Internaeconomia,2006270/analistas-preveem-nova-crise-mundial.shtml

Autor:

Data: 04/06/2010
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